quinta-feira, 22 de julho de 2010

Perguntas que não são perguntas.

Durante vários meses estive muito doente e por isso falou-se e perguntou-se muita coisa para mim. Ouvi afirmações como “isso é falta de Deus no coração.” Após ouvir isso eu sempre pensava que não queria um Deus no meu coração que me deixasse doente por não tê-lo em meu coração. Seria um Deus ditador!
Entretanto teve uma sequência de perguntas que me chamou muito atenção nesse período: “Mas e o seu lado espiritual como está?” Eu respondia que minha espiritualidade continuava a de sempre ou até estava melhorando com a experiência de passar por uma doença. Mas a pessoa não ficava satisfeita com minha resposta e perguntava em seguida: “Você tem religião?” E minha reposta parecia não agradar novamente pois era um não. Então vinha a pergunta que de fato me levou a escrever este texto. “Mas o importante é acreditar em Deus, não é?” Após essa pergunta eu nunca sabia o que responder. Parece fácil mas não é, ao menos para mim. Primeiro porque não sabia o que aquela pessoa estava querendo dizer com a palavra Deus. Eu não sabia sua crença, religião ou valores pessoais então estaria mentindo se dissesse que acreditava. Segundo porque se eu respondesse que sou um Ateu, isso causaria um desentendimento porque quase nenhum religioso parou para pensar sobre o que é ateísmo. A outra pessoa não entenderia o que sou apenas com a palavra Ateu. O que responder então?
Me parece que o que importava nessa situação era responder palavras corretas como ”Senhor Todo Poderoso”, ao invés de uma saudável conversa sobre minhas ações, emoções e reais crenças. No fim nada falei sobre minha espiritualidade para a perguntadora e aqui no texto. Mas essa é uma consequência de se perguntar quando na verdade já está definido qual deve ser a resposta.
Zé Zuppani
zezuppani@fotonatural.com.br

Nara Assunção e Zé Zuppani

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